domingo, 18 de maio de 2008

Memória

Como funciona o disco rígido…

O Cérebro armazena, classifica e organiza o que é útil e descarta o que é supérfluo. Graças a esta base de dados perfeita, podemos encontrar a informação no momento em que esta é necessária.

Mas o que é a memória?


Trata-se da capacidade intelectual que nos permite registar a informação, armazená-la e, mais tarde, repescá-la e convertê-la em recordação.
O funcionamento da memória humana é muito complexo, e, salvo em situações de grande impacto emocional, as memórias não se formam no momento. A informação que recebemos é temporariamente guardada na forma de memoria de curto prazo.
Tal como a memória RAM de um computador, este conciso armazém transitório é usado para não perder o fio de uma conversa ou para lembrar o número de telefone que acabamos de procurar na lista telefónica o tempo suficiente para o marcar. Passado um momento, os dados esfumam-se se não for activado o processo de potenciação a longo prazo (PLP) pelo qual os neurónios que captaram a informação experimentam repetidamente o mesmo estimulo e fortalecem as ligações nervosas entre si.
A nível molecular, a PLP implica a síntese de substâncias novas que actuam como uma cola e fixam definitivamente as recordações. Uma delas é a proteína CREB (Camp Response Element Binding), que controla a actuação de uma bateria de genes associados a processos sinápticos implicados na memorização. O resultado é a formação no cérebro de uma base de dados permanente com capacidade quase ilimitada, que foi cifrada em 108432 bits, isto é, um seguido de 8432 zeros!

Inunda a matéria cinzenta:
A questão é: onde se situa essa enorme base de dedos? Depois de muitas pesquisas, os neurocientistas deram a resposta: Está no cérebro todo, dividida em peças que se repartem por toda a matéria cinzenta. Segundo mostram os estudos de ressonância magnética funcional, o hipocampo desempenha um papel essencial na organização desse grande armazém.
Esta área cerebral primitiva do sistema límbico encarrega-se de decidir o que é importante e o que se deve ignorar. Para além disso, cataloga a informação por categorias, procura associações com outros conhecimentos, combina os dados, ordena os resultados e, finalmente, transfere as peças para diferentes regiões do córtex cerebral.
Não obstante, ainda que a informação seja armazenada dispersa por todo o cérebro, há certas funções memoristicas que dependem de áreas concretas. Por exemplo, por muito que passe o tempo, nunca esquecemos como se atam os atacadores dos sapatos; este é um caso de memoria implícita ou de procedimento, que se ocupa de arquivar de modo inconsciente capacidades e destrezas, necessárias á nossa vida quotidiana, como falar, comer, andar, cozinha ou relacionarmo-nos com os outros. Localiza-se no gânglio basal, que se encontra sob os hemisférios, e no cerebelo, a estrutura que controla os movimentos. Em contraste, a memoria explicita ou declarativa guarda factos, sítios ou coisas que recordamos, mediante um esforço deliberado. Está sediada no hipocampo e no lóbulo temporal e inclui a memória semântica, que nos permite chamar as coisas pelo nome que elas têm e dar-lhes significado no mundo, e a memória episódica, necessária para organizar as nossas experiências cronologicamente.

Quem teve reteve:

Contudo, estas classificações não explicam a razão por que, enquanto umas recordações ficam gravadas a fogo, outras são rapidamente descartadas pela memória. Faça um teste e tente responder a estas perguntas: Onde está a letra L no teclado do seu computador? De que cor são os edifícios da rua por onde passa diariamente a caminho do trabalho? Se não está seguro das respostas, não se preocupe. Os neurocientistas garantem que somos animais cerebralmente selectivos e tendemos a guardar somente aquilo que favorece os nossos interesses; para que isso aconteça. É indispensável prestar atenção. O resto passa ao lado.
Porém, a atenção não basta para memorizar, também contam a repetição e o exercício mental. Há que fazer suar os neurónios para criar ligações duradouras. Além disso, está provado que se grava melhor o que se entende, o que se associa a outros conhecimentos, sobretudo o que implica emoção. Por isso recordamos a primeira vez que nos sentámos ao volante de um carro ou o primeiro beijo. Isto tem relação com o fenómeno de flashbulb memory, termo inglês pelo qual se conhecem as recordações difíceis de apagar que envolvem um acontecimento extraordinário. Por exemplo, a maioria das pessoas lembra-se do que estava a fazer no dia 11 de Setembro de 2001, quando aconteceram os atentados contra as Torres Gémeas do World Trade Center, em Nova Iorque, mas não do que fez na véspera ou no dia seguinte. Por outro lado, é provável que a recordação esteja matizada pelo estilo de memorização pessoal. Alguns terão ficado com o sabor do que comeram nesse dia; outros reproduzirão na sua cabeça a voz do jornalista que dava a noticia. Os especialistas garantem que cada pessoa tem um sentido predominante em torno do qual gira a sua forma de aprender e lembrar. É fundamental identificá-lo muito cedo, para aprender a treinar os outros sentidos no exercício da memorização.

Zona de Empacotados:
Entretanto, parece que é nos pormenores que mais se notas as diferenças individuais. Michael Rugg, director do centro de neurobiologia da Aprendizagem e da memória da Universidade de Irving (Estados Unidos), provou que o nível de pormenor que memorizamos depende das zonas do cérebro que se activam. Os seus últimos estudos, publicados na Neuron, assinalam que o sulco intraparietal, uma região que se encarrega de formar pacotes de memórias com características como o tamanho e a cor de um objecto, tem ser activado para se gravarem certos pormenores. Estas conclusões podem ser muito úteis para quem se dedica a estudar a memória dos testemunhos, quer dizer, os processos mentais que influenciam no momento de agir com testemunha presencial de um acontecimento.
Há que ter em conta que a recordação não é cem por cento objectiva. O nosso cérebro compara diariamente o que nos acontece com as vivências passadas, e o registo destas modifica-se com cada nova experiência. De facto, garantem os especialistas, uma mesma alusão é ligeiramente diferente de cada vez que a evocamos.

O Passado é futuro:
A memória não é só coisa do passado. Sem memória não há presente, nem futuro. As recordações são fundamentais para planificar e antecipar as consequências dos nossos actos. Karl Szpunar, investigador da universidade de Washington, provou-o recentemente do ponto de vista anatómico. Graças á ressonância magnética funcional, comprovou que, quando nos imaginamos a fazer algo no futuro, a região do cérebro activada é praticamente a mesma que quando nos lembramos de uma recordação.
“A memória autobiográfica” escrevia Szpunar na revista Proceeding of the National Academy of sciences de Janeiro, “poderá entender-se como a capacidade de formar imagens mentais vividas de uma pessoa sobre si própria noutro tempo, seja do passado ou do futuro.”


Lembranças pelo nariz:
A esperança de vida de um neurónio do sentido do olfacto é de somente 60 dias; Transcorrido esse tempo, vê-se irremediavelmente substituído por outro novo. No entanto, apesar desta reciclagem contínua, a nossa memória para os cheiros não podia ser melhor. Na realidade, o olfacto é o sentido com mais capacidade para despertar memórias adormecidas. Ao mesmo tempo, o processamento da memória olfactiva é o mais rápido, já que apresenta uma média de 80 por cento de certeza no reconhecimento da informação armazenada, seja qual for o tempo decorrido.

O que estava a fazer em 11/09/01?
Quase toda a gente recorda o que fazia quando viu estas imagens, mas quase ninguém poderá dizer o que fez um dia antes. Isto ocorre graças á flashbul memory, que processa as recordações difíceis de esquecer que rodeiam um acontecimento extraordinário.






O CAMINHO PARA ARMAZENAR TUDO O QUE INTERESSA



Os neurocientistas descobriram que a memória não reside num lugar concreto do cérebro, mas sim que os dados se distribuem por toda a matéria cinzenta. No entanto, existe uam torre de controlo, o hipocampo, que decide o que se deve guardar e o que se deve esquecer quanto antes. Somos selectivos e gravamos sobretudo o que pode servir os nossos interesses, o resto passa ao lado.












A- Córtex Pré-Frontal: Recolhe informação, interpreta-a e conserva-a algum tempo como memória de trabalho

B- Amígdala: Cria a memória emocional

C- Hipocampo: Armazena temporariamente a memória de curto prazo e actua na mória espacial

D- Cerebelo e Corpo Estriado: Estão implicados na memória procedural, que permite lembrar processos como nadar.


E- Neocórtex: As recordações armazenam-se no córtex como memóriaa longo prazo.


F- Tálamo: Centro sensorial


>1.As informações sensoriais(por exemplo, um estimulo visual) atravessam o tálam e são armazenados na área correspondente.


>2.Depois de processada a informação volta ao córtex pré-frontal e é depositada na memória a curto prazo.


>3. Se a informação é para armazenar a longo prazo, dirige-se para o hipocampo, onde estara algum tepo, e a seguir depositar-se-á no córtex, perto do sitio onde foi processada inicialmente


>4.Quando precisamos de dados guardados na memória a longo prazo, estes regressam ao córtex pré-frontal como memória a curto prazo.









'Cada um tem os seus interesses': Existem dois tipos de memória. Uma é consciente e fixa os acontecimentos, as imagens e os sons que podemos recordar. A outra chama-se «memória procedural» e podemos usá-la automaticamente, sem nso esforçarmos demasiado: é a das capacidades motoras e cognitivas.

'Somos selectivos e...esquecidos': Segundo o tempo que as recordações permanecem na mente(dias,anos ou toda a vida), a memória divide-se em categorias. No fim só recordamos o que julgamos significativo. Esquecer é a chave para reter o que nos interessa.

RETEMOS:
10% do que lemos
20% do que ouvimos
30%do que vemos
50%do que vemos e ouvimos
70% do que dizemos aos outros
90%do que dizemos e fazemos


'Coco Prodigioso'- a nossa cabeça guarda mais bits do que algum algum computador jamais conseguirá albergar.
A memória segue caminhos sensoriais. A informação captada pelos sentidos é gravada de forma desigual



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