sábado, 24 de maio de 2008

domingo, 18 de maio de 2008

Memória

Como funciona o disco rígido…

O Cérebro armazena, classifica e organiza o que é útil e descarta o que é supérfluo. Graças a esta base de dados perfeita, podemos encontrar a informação no momento em que esta é necessária.

Mas o que é a memória?


Trata-se da capacidade intelectual que nos permite registar a informação, armazená-la e, mais tarde, repescá-la e convertê-la em recordação.
O funcionamento da memória humana é muito complexo, e, salvo em situações de grande impacto emocional, as memórias não se formam no momento. A informação que recebemos é temporariamente guardada na forma de memoria de curto prazo.
Tal como a memória RAM de um computador, este conciso armazém transitório é usado para não perder o fio de uma conversa ou para lembrar o número de telefone que acabamos de procurar na lista telefónica o tempo suficiente para o marcar. Passado um momento, os dados esfumam-se se não for activado o processo de potenciação a longo prazo (PLP) pelo qual os neurónios que captaram a informação experimentam repetidamente o mesmo estimulo e fortalecem as ligações nervosas entre si.
A nível molecular, a PLP implica a síntese de substâncias novas que actuam como uma cola e fixam definitivamente as recordações. Uma delas é a proteína CREB (Camp Response Element Binding), que controla a actuação de uma bateria de genes associados a processos sinápticos implicados na memorização. O resultado é a formação no cérebro de uma base de dados permanente com capacidade quase ilimitada, que foi cifrada em 108432 bits, isto é, um seguido de 8432 zeros!

Inunda a matéria cinzenta:
A questão é: onde se situa essa enorme base de dedos? Depois de muitas pesquisas, os neurocientistas deram a resposta: Está no cérebro todo, dividida em peças que se repartem por toda a matéria cinzenta. Segundo mostram os estudos de ressonância magnética funcional, o hipocampo desempenha um papel essencial na organização desse grande armazém.
Esta área cerebral primitiva do sistema límbico encarrega-se de decidir o que é importante e o que se deve ignorar. Para além disso, cataloga a informação por categorias, procura associações com outros conhecimentos, combina os dados, ordena os resultados e, finalmente, transfere as peças para diferentes regiões do córtex cerebral.
Não obstante, ainda que a informação seja armazenada dispersa por todo o cérebro, há certas funções memoristicas que dependem de áreas concretas. Por exemplo, por muito que passe o tempo, nunca esquecemos como se atam os atacadores dos sapatos; este é um caso de memoria implícita ou de procedimento, que se ocupa de arquivar de modo inconsciente capacidades e destrezas, necessárias á nossa vida quotidiana, como falar, comer, andar, cozinha ou relacionarmo-nos com os outros. Localiza-se no gânglio basal, que se encontra sob os hemisférios, e no cerebelo, a estrutura que controla os movimentos. Em contraste, a memoria explicita ou declarativa guarda factos, sítios ou coisas que recordamos, mediante um esforço deliberado. Está sediada no hipocampo e no lóbulo temporal e inclui a memória semântica, que nos permite chamar as coisas pelo nome que elas têm e dar-lhes significado no mundo, e a memória episódica, necessária para organizar as nossas experiências cronologicamente.

Quem teve reteve:

Contudo, estas classificações não explicam a razão por que, enquanto umas recordações ficam gravadas a fogo, outras são rapidamente descartadas pela memória. Faça um teste e tente responder a estas perguntas: Onde está a letra L no teclado do seu computador? De que cor são os edifícios da rua por onde passa diariamente a caminho do trabalho? Se não está seguro das respostas, não se preocupe. Os neurocientistas garantem que somos animais cerebralmente selectivos e tendemos a guardar somente aquilo que favorece os nossos interesses; para que isso aconteça. É indispensável prestar atenção. O resto passa ao lado.
Porém, a atenção não basta para memorizar, também contam a repetição e o exercício mental. Há que fazer suar os neurónios para criar ligações duradouras. Além disso, está provado que se grava melhor o que se entende, o que se associa a outros conhecimentos, sobretudo o que implica emoção. Por isso recordamos a primeira vez que nos sentámos ao volante de um carro ou o primeiro beijo. Isto tem relação com o fenómeno de flashbulb memory, termo inglês pelo qual se conhecem as recordações difíceis de apagar que envolvem um acontecimento extraordinário. Por exemplo, a maioria das pessoas lembra-se do que estava a fazer no dia 11 de Setembro de 2001, quando aconteceram os atentados contra as Torres Gémeas do World Trade Center, em Nova Iorque, mas não do que fez na véspera ou no dia seguinte. Por outro lado, é provável que a recordação esteja matizada pelo estilo de memorização pessoal. Alguns terão ficado com o sabor do que comeram nesse dia; outros reproduzirão na sua cabeça a voz do jornalista que dava a noticia. Os especialistas garantem que cada pessoa tem um sentido predominante em torno do qual gira a sua forma de aprender e lembrar. É fundamental identificá-lo muito cedo, para aprender a treinar os outros sentidos no exercício da memorização.

Zona de Empacotados:
Entretanto, parece que é nos pormenores que mais se notas as diferenças individuais. Michael Rugg, director do centro de neurobiologia da Aprendizagem e da memória da Universidade de Irving (Estados Unidos), provou que o nível de pormenor que memorizamos depende das zonas do cérebro que se activam. Os seus últimos estudos, publicados na Neuron, assinalam que o sulco intraparietal, uma região que se encarrega de formar pacotes de memórias com características como o tamanho e a cor de um objecto, tem ser activado para se gravarem certos pormenores. Estas conclusões podem ser muito úteis para quem se dedica a estudar a memória dos testemunhos, quer dizer, os processos mentais que influenciam no momento de agir com testemunha presencial de um acontecimento.
Há que ter em conta que a recordação não é cem por cento objectiva. O nosso cérebro compara diariamente o que nos acontece com as vivências passadas, e o registo destas modifica-se com cada nova experiência. De facto, garantem os especialistas, uma mesma alusão é ligeiramente diferente de cada vez que a evocamos.

O Passado é futuro:
A memória não é só coisa do passado. Sem memória não há presente, nem futuro. As recordações são fundamentais para planificar e antecipar as consequências dos nossos actos. Karl Szpunar, investigador da universidade de Washington, provou-o recentemente do ponto de vista anatómico. Graças á ressonância magnética funcional, comprovou que, quando nos imaginamos a fazer algo no futuro, a região do cérebro activada é praticamente a mesma que quando nos lembramos de uma recordação.
“A memória autobiográfica” escrevia Szpunar na revista Proceeding of the National Academy of sciences de Janeiro, “poderá entender-se como a capacidade de formar imagens mentais vividas de uma pessoa sobre si própria noutro tempo, seja do passado ou do futuro.”


Lembranças pelo nariz:
A esperança de vida de um neurónio do sentido do olfacto é de somente 60 dias; Transcorrido esse tempo, vê-se irremediavelmente substituído por outro novo. No entanto, apesar desta reciclagem contínua, a nossa memória para os cheiros não podia ser melhor. Na realidade, o olfacto é o sentido com mais capacidade para despertar memórias adormecidas. Ao mesmo tempo, o processamento da memória olfactiva é o mais rápido, já que apresenta uma média de 80 por cento de certeza no reconhecimento da informação armazenada, seja qual for o tempo decorrido.

O que estava a fazer em 11/09/01?
Quase toda a gente recorda o que fazia quando viu estas imagens, mas quase ninguém poderá dizer o que fez um dia antes. Isto ocorre graças á flashbul memory, que processa as recordações difíceis de esquecer que rodeiam um acontecimento extraordinário.






O CAMINHO PARA ARMAZENAR TUDO O QUE INTERESSA



Os neurocientistas descobriram que a memória não reside num lugar concreto do cérebro, mas sim que os dados se distribuem por toda a matéria cinzenta. No entanto, existe uam torre de controlo, o hipocampo, que decide o que se deve guardar e o que se deve esquecer quanto antes. Somos selectivos e gravamos sobretudo o que pode servir os nossos interesses, o resto passa ao lado.












A- Córtex Pré-Frontal: Recolhe informação, interpreta-a e conserva-a algum tempo como memória de trabalho

B- Amígdala: Cria a memória emocional

C- Hipocampo: Armazena temporariamente a memória de curto prazo e actua na mória espacial

D- Cerebelo e Corpo Estriado: Estão implicados na memória procedural, que permite lembrar processos como nadar.


E- Neocórtex: As recordações armazenam-se no córtex como memóriaa longo prazo.


F- Tálamo: Centro sensorial


>1.As informações sensoriais(por exemplo, um estimulo visual) atravessam o tálam e são armazenados na área correspondente.


>2.Depois de processada a informação volta ao córtex pré-frontal e é depositada na memória a curto prazo.


>3. Se a informação é para armazenar a longo prazo, dirige-se para o hipocampo, onde estara algum tepo, e a seguir depositar-se-á no córtex, perto do sitio onde foi processada inicialmente


>4.Quando precisamos de dados guardados na memória a longo prazo, estes regressam ao córtex pré-frontal como memória a curto prazo.









'Cada um tem os seus interesses': Existem dois tipos de memória. Uma é consciente e fixa os acontecimentos, as imagens e os sons que podemos recordar. A outra chama-se «memória procedural» e podemos usá-la automaticamente, sem nso esforçarmos demasiado: é a das capacidades motoras e cognitivas.

'Somos selectivos e...esquecidos': Segundo o tempo que as recordações permanecem na mente(dias,anos ou toda a vida), a memória divide-se em categorias. No fim só recordamos o que julgamos significativo. Esquecer é a chave para reter o que nos interessa.

RETEMOS:
10% do que lemos
20% do que ouvimos
30%do que vemos
50%do que vemos e ouvimos
70% do que dizemos aos outros
90%do que dizemos e fazemos


'Coco Prodigioso'- a nossa cabeça guarda mais bits do que algum algum computador jamais conseguirá albergar.
A memória segue caminhos sensoriais. A informação captada pelos sentidos é gravada de forma desigual



quarta-feira, 14 de maio de 2008

Percepções


Inteligência

A inteligência pode ser definida como a capacidade mental de raciocinar, planejar, resolver problemas, abstrair ideias, compreender ideias e linguagens e aprender. Embora pessoas leigas geralmente percebam o conceito de inteligência sob um escopo muito maior, na Psicologia, o estudo da inteligência geralmente entende que este conceito não compreende a criatividade, a personalidade, o carácter ou a sabedoria.

Existem dois "consensos" de definição de inteligência. O primeiro, de "Inteligente: Knowns and Unknowns", um relatório de uma equipa congregada pela Associação Americana de Psicologia em 1995:

"Os indivíduos diferem na habilidade de entender ideias complexas, de se adaptar com eficácia ao ambiente, de aprender com a experiência, de se engajar nas várias formas de raciocínio, de superar obstáculos mediante pensamento. Embora tais diferenças individuais possam ser substanciais, nunca são completamente consistentes: o desempenho intelectual de uma dada pessoa vai variar em ocasiões distintas, em domínios distintos, a se julgar por critérios distintos. Os conceitos de 'inteligência' são tentativas de aclarar e organizar este conjunto complexo de fenómenos."

Uma segunda definição de inteligência vem de "Mainstream Science on Inteligente", que foi assinada por 52 pesquisadores em inteligência, em 1994:

"Uma capacidade mental bastante geral que, entre outras coisas, envolve a habilidade de raciocinar, planejar, resolver problemas, pensar de forma abstracta, compreender ideias complexas, aprender rápido e aprender com a experiência. Não é uma mera aprendizagem literária, uma habilidade estritamente académica ou um talento para sair-se bem em provas. Ao contrário disso, o conceito refere-se a uma capacidade mais ampla e mais profunda de compreensão do mundo à sua volta.

Testes de QI (em inglês IQ) dão resultados que aproximadamente se distribuem em torno de uma curva normal caracterizando a distribuição dos níveis de inteligência em uma população A despeito das várias definições para a inteligência, a abordagem mais importante para o entendimento desse conceito (ou melhor, a que mais gerou estudos sistemáticos) é baseada em testes psicométricos.

O factor genérico medido por cada teste de inteligência é conhecido como g (ver Teoria g). É importante deixar claro que o factor g, criado por Charles Spearman, é determinado pela comparação múltipla dos itens que constituem um teste ou pela comparação dos escores em diferentes testes; portanto, trata-se de uma grandeza definida relativamente a outros testes ou em relação aos itens que constituem um mesmo teste. Isso significa que, se um teste for comparado a determinado conjunto de outros testes, pode-se mostrar mais (ou menos) saturado em g do que se fosse comparado a um conjunto diferente de outros testes. Um exemplo: um teste como G36, que é um teste de matrizes, se comparado a testes como Raven, Cattell, G38 e similares, ficará mais saturado em g do que se for comparado a testes como WAIS, Binet, DAT, SAT, GRE, ACT, que incluem mais conteúdo verbal e aritmético. Com relação ao g interno do teste, um caso como o Raven Standard Progressive Matrices, em que os itens apresentam pouca variabilidade de conteúdo, tende a apresentar um factor g mais alto do que um teste como o WAIS-III, que é constituído por 14 subtestes com conteúdos bastante distintos. Portanto, o factor g não tem um sentido absoluto.

Inteligência, QI e g são conceitos distintos. A inteligência é o termo usado no discurso comum para se referir à habilidade cognitiva. Porém, é uma definição geralmente vista como muito imprecisa para ser útil em um tratamento científico do assunto.

O quociente de inteligência QI é um índice calculado a partir da pontuação obtida em testes nos quais especialistas incluem as habilidades que julgam compreender as habilidades conhecidas pelo termo inteligência. É uma quantidade multidimensional - uma amálgama de diferentes tipos de habilidades, sendo que a proporção de cada uma delas muda de acordo com o teste aplicado. A dimensionalidade dos escores de QI pode ser estudada pela análise factorial, que revela um factor dominante único no qual se baseia os escores em todos os possíveis testes de QI. Este factor, que é uma construção hipotética, é chamado g ou, algumas vezes, chamado de habilidade cognitiva geral ou inteligência geral. Existem algumas teorias sobre a origem da inteligência citadas num estudo recente do pesquisador Alirio Freire, que foi um pouco além das teorias convencionais, propondo que a origem da inteligência estaria vinculada ao início do bipedalismo. ´Dados parciais de seu trabalho encontram-se disponíveis para consulta on-line sobre Alirio Freire ou Origem da inteligência.

Nas propostas de alguns investigadores, a inteligência não é uma, mas consiste num conjunto de capacidades relativamente independentes. O psicólogo Howard Gardner desenvolveu a Teoria das múltiplas inteligências dividindo a inteligência em sete componentes diferentes: lógico-matemática, linguística, espacial, musical, cinemática, intra-pessoal e inter-pessoal. Daniel Goleman e outros investigadores desenvolveram o conceito de Inteligência emocional e afirmam que esta inteligência é pelo menos tão importante como a perspectiva mais tradicional de inteligência.

Os proponentes das teorias de múltiplas inteligências afirmam que a Teoria g é no máximo uma medida de capacidades académicas. Os outros tipos de inteligência podem ser tão importantes como a g fora do ambiente de escola. Conforme foi dito acima, qualquer que seja o nível de abrangência de um teste ou de vários testes, haverá um factor principal g que explica grande parte da variância total observada na totalidade de itens ou na totalidade de testes.

Se forem elaborados 7 ou 8 testes para aferir as 7 ou 8 habilidades (que Gardner chama "inteligências"), ficará patente que desse conjunto também emerge um factor geral que representa, talvez, mais de 50% da variância total. Se fossem considerados os 120 tipos de inteligência propostos por Guilford, também haveria um factor comum g que poderia explicar grande parte (talvez 50% ou mais) da variância total de todas estas habilidades (ou inteligências). Outro detalhe a ser considerado é que se g é o factor principal, por definição significa que é neste factor que mais estão saturados os itens ou os testes considerados, logo os demais factores h, i, j... respondem por uma quantidade menor da variância total, ou seja, os demais factores não podem ser, individualmente, tão importantes quanto g, mas podem, em conjunto, ser mais importantes (explicar maior parte da variância total) do que g.

Percepção

A percepção é a função cerebral que atribui significado a estímulos sensoriais, a partir de histórico de vivências passadas. Através da percepção um indivíduo organiza e interpreta as suas impressões sensoriais para atribuir significado ao seu meio.

Do ponto de vista psicológico ou cognitivo, a percepção envolve também os processos mentais, a memória e outros aspectos que podem influenciar na interpretação dos dados percebidos.

Na psicologia, o estudo da percepção é de extrema importância porque o comportamento das pessoas são baseadas na interpretação que fazem da realidade e não na realidade em si. Por este motivo, a percepção do mundo é diferente para cada um de nós, cada pessoa percebe um objecto ou uma situação de acordo com os aspectos que têm especial importância para si própria.

À medida que adquirimos novas informações, nossa percepção se altera. Diversos experimentos com percepção visual demonstram que é possível notar a mudança na percepção ao adquirir novas informações. As ilusões de óptica e alguns jogos, como o dos sete erros se baseiam nesse fato. Algumas imagens ambíguas são exemplares ao permitir ver objectos diferentes de acordo com a interpretação que se faz. Em uma "imagem mutável", não é o estímulo visual que muda, mas apenas a interpretação que se faz desse estímulo.




Deixamos agora alguns exemplos de imagens ambiguas e ilusões ópticas:





Imagem ambigua;Da esquerda para a direita vemos um pato, da direita para a esquerda vemos um coelho; (exemplo de percepção mutável).








setas de Müller-Lyer: o segmento superior parece mais curto que o inferior;








linhas de Hering (esquerda) e variação de Wundt (direita): as linhas verticais parecem internamente côncavas, à esquerda,e convexas, à direita;











a ambiguidade vaso (primeiro plano) -faces (plano de fundo), em que figura e fundo alternam-se.









círculos de Titchener: o círculo interno, à esquerda, parece maior que o localizado à direita;








uma variante do triângulo de Kanisza, em que vemos claramente um contorno ilusório, inexistente;








Se olha na Horizontal, verá um sapo.
Se olhar na Vertical, verá um cavalo.














O que será? uma figura feminina, ou um homem a tocar saxofone?










O que vê primeiro? um casal idoso, ou duas pessoas mexicanas?










Fixe o seu olhar no ponto. Vá aproximando-se do Monitor. Parece mesmo k a imagem a volta vai rodando não é?




O seu cérebro enganou-o outra Vez!
As linhas azuis na estão na horizontal, e não inclinadas, como pensou em primeiro lugar.

TESTE DE PERSONALIDADE

Este questionário é de autoria de Gaston Bergez.
O questionário é mais longo do que aparece aqui. Seleccionaram-se as questões fundamentais.

Instruções para a execução do teste

1. Este teste procura estabelecer a intensidade de três factores importantes:
· a emotividade, que é a disposição para experimentar emoções vivas e frequentes;
· a actividade, que traduz a facilidade maior ou menor com que se executa o que se tem vontade de fazer;
· a secundaridade, que é a persistência de impressões, muito variável segundo os indivíduos e que determina o carácter mais ou menos sistemático da sua conduta. Os indivíduos em quem as impressões persistem longo tempo são considerados “secundários”; aqueles em quem elas não persistem são considerados “primários”.

2. Deve-se procurar responder às perguntas o mais exactamente possível, sem a preocupação do resultado final ou do tempo que se demora.

3. Cada questão é dupla e por vezes tripla. Descreve duas maneiras de proceder absolutamente opostas e uma terceira maneira intermédia. Deve-se escolher entre as três a que corresponder melhor ao comportamento de cada um. A uma das possibilidades corresponde o nº 9 ; à outra o nº 1; à possibilidade intermédia é atribuído o nº 5. O número que corresponder ao modo de reagir do leitor constituirá a sua resposta.

4. Se se achar totalmente impossível responder pela atitude”9” ou pelo comportamento “1”, responda-se então pelo nº 5, mesmo quando a resposta intermédia não se encontre expressamente prevista no questionário. Mas deve-se fazer esforço para escolher entre o “9” e o “1” e não escolher o “5”, a não ser que pareça realmente impossível outra solução.


Como anotar as respostas ao teste

Numa folha de papel marcar três colunas ao alto; na primeira coluna vão-se escrevendo por baixo uns dos outros os algarismos (1, 9 ou 5) que constituem a resposta às perguntas de unidade 1 ( a 1ª, 11ª, 21ª, etc.). Na segunda coluna procede-se do mesmo modo para as perguntas de unidade 2 (a 2ª, 12ª, 22ª, etc.). A terceira coluna é para responder às perguntas de unidade 3 ( a 3ª, 13ª, 23ª...).
Fazer a soma de cada uma das colunas e ver nas soluções quais são os principais traços caracteriológicos que correspondem a estas respostas.


QUESTIONÁRIO

1. Atribui muita importância a pequenas coisas que sabe não serem importantes? Sente-se, às vezes, perturbado por ninharias? ............................................................................................... 9
Ou é perturbado apenas por factos graves?................................................................................1

2. Ocupa-se com alguma actividade durante as suas horas de lazer (estudos paralelos, acção social, trabalhos manuais, e, de modo geral, qualquer serviço não obrigatório)?............... 9
Ou fica longo tempo sem nada fazer, a sonhar ou, simplesmente, a distrair-se (leitura por prazer, ver televisão, etc.)?..........................................................................................................1

3. É frequentes vezes guiado nas suas acções pela ideia de um futuro afastado (economizar para a velhice, acumular materiais para algum trabalho de longo fôlego) ou pelas consequências longínquas que os seus actos possam ter?............................................................................... 9
Ou interessa-se sobretudo pelos resultados imediatos?........................................................ 1

11. Entusiasma-se ou indigna-se facilmente?........................................................................ 9
Ou aceita tranquilamente as coisas como são?...................................................................... 1

12. É-lhe necessário penoso esforço para passar da ideia ao acto, da decisão à execução?.... 1
Ou executa imediatamente e sem dificuldade o que decidiu?.................................................... 9

13. Toma em consideração “tudo o que pode acontecer” e prepara-se cuidadosamente (equipamento minucioso, estudo dos itinerários, previsão de possíveis acidentes, etc.)?............... 9
Ou entrega-se à inspiração de momento?.................................................................................. 1

21. É susceptível? É fácil e profundamente ferido por uma crítica um pouco viva, por uma observação deselegante ou irónica?................................................................................... 9
Ou suporta a crítica sem se sentir ferido?........................................................................ 1

22. Desencoraja-se facilmente diante das dificuldades ou diante de tarefas que se apresentem demasiado fatigantes?................................................................................................. 1
Ou sente-se, pelo contrário, estimulado pelas dificuldades e excitado pela ideia do esforço a despender?................................................................................................................... 9

23. Tem princípios estritos aos quais procura conformar-se?................................................... 9
Ou prefere adaptar-se às circunstâncias com maleabilidade?................................................... 1

31. Emociona-se facilmente com acontecimentos imprevistos? Sobressalta-se quando o chamam bruscamente? Empalidece ou cora facilmente?................................................. 9
Ou é difícil emocionar-se?......................................................................................1

32. Gosta de sonhar, seja com o passado, que já não existe, seja com o futuro que poderia vir a existir, seja com algo puramente imaginário?............................................................. 1
Ou prefere agir ou, pelo menos, fazer projectos precisos que preparem o futuro?..... 9

33. É constante nos seus desejos? Termina sempre o que começa?....................................... 9
Ou abandona quase sempre a tarefa antes do fim (começa tudo e não acaba nada)?..... 1

41. Entusiasma-se ao falar? Eleva a voz durante a conversa? Sente necessidade de usar termos violentos ou palavras muito expressivas? ............................................................ 9
Ou fala sem pressa, de maneira calma, pausada?................................................ 1

42. Faz logo o que tem a fazer e sem que lhe custe muito ( escrever uma carta, regularizar um negócio, etc.)?............................................................................................. 9
Ou é levado a diferir, a adiar?.................................................................. 1

43. É constante nas simpatias (cultiva as amizades de infância, frequenta regularmente as mesmas pessoas, os mesmos grupos)?..................................................................... 9
Ou muda constantemente de amigos (deixando, por exemplo, sem motivos graves, de ver as pessoas que antes frequentava)?.............................................................................. 1

51. Sente-se angustiado diante de novas tarefas ou de uma mudança em perspectiva?.......... 9
Ou enfrenta a situação com calma?.............................................................................. 1

52. Toma decisões imediatas mesmo nos casos difíceis?............................... 9
Ou é indeciso e hesita muito tempo?................................................................ 1

53. Após um acesso de cólera (ou, se nunca se encoleriza, após haver recebido uma injúria) reconcilia-se imediatamente, inteiramente como antes, sem pensar mais no assunto?....... 1
Ou fica algum tempo de mau humor?................................................................................. 5
Ou é difícil de reconciliar-se (rancor persistente)?........................................................ 9

61. Passa alternadamente da excitação ao abatimento, da alegria à tristeza, e vice-versa, por ninharias, mesmo sem razão aparente?............................................................................. 9
Ou é de humor igual, constante?................................................................................... 1

62. É agitado e inquieto (gesticular, mexer-se continuamente na cadeira, ir e vir pelo recinto, fora de qualquer emoção viva)?.......................................................................................... 9
Ou permanece geralmente imóvel quando nenhuma emoção o agita?......................... 1

63. Possui hábitos muito rígidos, aos quais se apega muito? Prende-se à regularidade de determinados factos?.................................................................................. 9
Ou nutre horror a tudo o que seja habitual ou previsto de antemão, sendo, portanto, a surpresa o elemento essencial do prazer?................................................................... 1

71. O seu espírito está sempre assaltado por dúvidas, escrúpulos, a propósito de actos sem importância? Conserva frequentemente no espírito um pensamento totalmente inútil e que o importuna?.........................................................9
Ou só excepcionalmente experimenta esse penoso estado de preocupação?............ 1

72. Nunca hesita em empreender uma transformação útil, quando sabe que ela lhe vai exigir um grande esforço?....................................... 9
Ou recua diante da tarefa a empreender e prefere contentar-se com o “status quo”?...... 1

73. Gosta da ordem, da simetria, da regularidade?.................................................................. 9
Ou a ordem parece-lhe enfadonha e sente necessidade de encontrar fantasia em toda a parte?..................................................... 1

81. Acontece-lhe às vezes comover-se tão violentamente que aquilo que desejaria fazer se torne completamente impossível ( Medo que impede de mover-se, timidez que suprime inteiramente a palavra, etc.)?............................................................................................ 9
Ou isso só lhe acontece muito raramente?........................................... 5
Ou jamais lhe aconteceu?........................................................................ 1

82. Após haver dado ordens para o trabalho, desinteressa-se pela execução, com a sensação de se haver libertado de uma preocupação?............................................. 1
Ou supervisiona a execução de perto, assegurando-se de que tudo seja bem feito nas condições e nos prazos desejados?............................................................................. 9

83. Prevê de antemão o uso que deve fazer do seu tempo e das suas forças? Gosta de fazer planos, horários ou programas?.......................................................................................... 9
Ou entrega-se à acção sem regra precisa, fixada de antemão?...................................... 1

91. Experimenta com frequência a sensação de ser infeliz?.... 9
Ou sente-se, em geral, contente com a sua sorte? Ou ainda quando as coisas não correm como quer, pensa mais naquilo que seria necessário mudar do que nos seus próprios sentimentos?............................................... 1

92. Prefere olhar a fazer (sente prazer em olhar longa e frequentemente um jogo que não pratica)?................................................................................................ 1
Ou prefere fazer a olhar, e o simples espectáculo se torna tedioso ou incita-o à acção?...... 9

93. Quando tenha adoptado uma opinião, agarra-se a ela com obstinação?............................ 9
Ou convence-se facilmente e deixa-se seduzir pela novidade das ideias?............................1

Emotivos............+46
Activos...............+46
Secundários.......+46

Não-Emotivos....-45
Não-Activos.......-45
Primários...........-45


Combinando as três disposições fundamentais, obtemos oito tipos caracteriológicos:

Emotivos, não-activos, primários: Nervosos
Emotivos, não-activos, secundários: Sentimentais
Emotivos, activos, primários: Coléricos
Emotivos, activos, secundários: Apaixonados
Não-emotivos, activos, primários: Sanguíneos
Não-emotivos, activos, secundários: Fleumáticos
Não-emotivos, não-activos, primários: Amorfos
Não-emotivos, não-activos, secundários: Apáticos

Nervoso (E-nA-P) — Sujeito a emoções frequentes. Mas a sua primaridade, não ruminante, torna a sua afectividade superficial e pouco estável. Facilmente impressionável, pouco constante nos afectos, recompõe-se facilmente dos pesares. A versatilidade e superficialidade afectivas dificultam-lhe a continuidade e a persistência na acção.

Sentimental (E-nA-S) — Emotivo, como o nervoso. Mas em virtude da sua secundaridade, o efeito das impressões é nele mais envolvente e perdurável. Sensibilidade profunda e delicada, suporta mal o contacto com as realidades. Tendência para o isolamento, para o refúgio interior, em suma — para a introversão. Realiza as condições de uma personalidade rica e forte: mas de uma força interior contida, tensa, que só dificilmente se projecta. Falta-lhe o gosto da acção, mostra-se tímido ou deficiente no agir. A sua actividade é menos reflexa e mais reflexiva. Os sentimentos morais desenvolvem-se nele facilmente.

Colérico (E-A-P) — Extrovertido, como são os primários, reflecte sobre as coisas e os acontecimentos, mas não sobre ele próprio. Reage abertamente às situações, mas, solicitado por situações novas, não rumina, não guarda ressentimentos, não conserva mágoas. Vendo rapidamente o que está à vista, as suas reacções são, em regra, prontas e oportunas.
Activo, trabalhador, sociável, cordial, a sua energia mental não se introverte — liberta-se e explode. Por isso, a sua personalidade não tem (pode não ter) a força íntima do sentimental. Quase poderíamos dizer: a personalidade do colérico é explosiva, mas não forte, a do sentimental é forte mas não explosiva..
A carência de auto-análise livra-o dos chamados “dramas do foro íntimo”. De onde resulta que não tem o sentido (nem as exigências) de perfeição interior do sentimental. Mas tem, em compensação, forte sentido de “oportunidade social”.

Apaixonado (E-A-S) — Caracteriza-se pela força e projecção da personalidade. É um “equilibrado superior”, enquanto reúne as melhores qualidades do emotivo, do activo e do secundário. Contudo, pode ter uma dessas qualidades em grau dominante, subordinando a si as outras. Teremos então o apaixonado-emotivo (artista ou santo), apaixonado-activo (apóstolo ou soldado) ou o apaixonado-intelectual (cientista ou filósofo).
Seja qual for a esfera a que pertença, o apaixonado manifesta-se sempre por uma vida intensa, vontade ambiciosa, personalidade transbordante.

Sanguíneo (nE-A-P) — Tem os traços do colérico, menos a emotividade. Assíduo ao trabalho, vive continuamente ocupado. Dotado de senso prático, visa nas coisas o resultado imediato. Exacto na observação, rápido na concepção, decidido e nítido na atitude. Distingue-se do colérico em que tem mais presença de espírito, é mais ponderado, menos violento e impulsivo.

Fleumático (nE-A-S) — A característica essencial do fleumático é o senso da medida. Desta qualidade decorrem outras. É frio, perseverante, circunspecto, sóbrio. Simples e pontual. Honrado e digno de fé. De humor sempre igual, como convém a um não-emotivo, é comedido nas suas manifestações exteriores.

Amorfo (nE-nA-P) — Preguiçoso e pouco pontual. Indiferente ao meio social, tanto como insensível às emoções alheias. Entre os amorfos encontram-se frequentemente boas aptidões musicais e cénicas. Salientam-se quase sempre pelo espírito de observação e imitação.

Apático (nE-nA-S) — Caracteriza-se pela persistência das impressões (secundaridade). Mas falta-lhe intensidade de vida interior (no que se distingue do sentimental) e não revela aptidões especiais (no que se distingue do amorfo). Pouco comunicativo, deprimido, triste, dado a obsessões.

terça-feira, 6 de maio de 2008

A moralidade do nosso cérebro

O bem e o mal, a moralidade, a empatia mas também a ferocidade e a selvajaria estão profundamente gravados nos nossos genes. A ciência tenta agora decifrar alguns dos códigos da nossa nobreza e da nossa animalidade.



O psicólogo Marc Hauser cita um estudo em que casais eram sujeitos a visualização por ressonância magnética funcional (fMRI), enquanto submetidos a uma dor moderada. Avisados de que um estímulo doloroso ia ser aplicado, o seu cérebro iluminava-se de uma forma característica, indicando um temor moderado. Era-lhes, então, dito que não iriam sentir desconforto, mas que o seu parceiro sim. Mesmo quando não podiam ver o seu parceiro, o cérebro dos sujeitos iluminava-se precisamente da mesma maneira, como se estivessem em vias de sofrerem eles a dor. “Isto é muito uma experiência do tipo “Eu sinto a tua dor” diz Hauser.

O cérebro trabalha mais quando a ameaça se complica. Um cenário preferido dos investigadores da moralidade é o dilema do comboio. Estamos perto de uma linha e uma vagoneta descontrolada avança contra cinco pessoas incautas. Há uma agulha próxima que a desviaria para uma linha lateral. Accioná-la-íamos? Claro. Salvam-se cinco vidas, sem custos. Mas suponhamos que, na linha lateral, está um só homem incauto. Agora, a pauta da moralidade é de 5 para 1. Matá-lo-íamos para salvar os outros? E se o homem inocente estiver connosco na plataforma da vagoneta e, porque é mais forte, tivermos de o empurrar para a via, para parar o veículo?

Se colocarmos estes dilemas a pessoas em observação com fMRI, as imagens tornam-se confusas. Usar um computador para desviar a vagoneta contra uma pessoa em vez de cinco aumenta a actividade no córtex pré-frontal dosolateral – O lugar onde são feitas as escolhas frias e utilitárias. Complicando as coisas com a ideia de empurrar a vítima inocente, ilumina-se o córtex frontal medial, uma área associada ás emoções. Enquanto estas duas zonas se confrontam, podemos tomar decisões irracionais.

Para os neurocientistas, o caso Phineas Gage, o ferroviário de Vermon que, em 1848, foi ferido, quando uma explosão lhe fez penetrar um varão de ferro pelo córtex pré-frontal. Espantosamente, sobreviveu, mas passou a apresentar fortes mudanças comportamentais – tornando-se desligado e irreverente, embora nunca criminoso. Desde então, os cientistas têm procurado as raízes do assassínio em série no estado físico do cérebro.

Um estudo publicado, no ano passado, na revista NeuroImage, pode ter contribuído para encontrar algumas respostas. Investigadores ligados ao Instituto Nacional de saúde mental dos EUA registaram imagens do cérebro de 20 voluntários saudáveis, observando as suas reacções quando colocados perante vários cenários legais e ilegais. A actividade cerebral que seguia mais de perto os hipotéticos crimes – subindo e descendo conforme a gravidade dos cenários ocorrida na amígdala, uma estrutura profunda que nos ajuda a fazer a ligação entre os actos maus e a punição. Como nos estudos com o comboio, também havia actividade no córtex pré-frontal. O facto de os sujeitos não terem tendências sociopáticas limita o valor das verificações. Contudo, saber como o cérebro funciona se as coisas correm bem ajuda a procurar perceber o que se passa quando a realidade dá para o torto.

























Adaptado do artigo «Os segredos do bem e do mal» por Jeffrey Kluger, Tiffany Sharples e Alexandra Silver in Visão nº 774

Como é que o nosso cérebro vive o amor?



Estudos do cérebro com visualizador por ressonância magnética funcional (fMRI) mostram porque razão sabe tão encontrar a pessoa certa e com ela o amor verdadeiro. Os primeiros fMRI de cérebros apaixonados foram feitos em 200, e revelaram que a sensação de romance é processada em três áreas. A primeira é a ventral, uma massa de tecido nas regiões inferiores do cérebro, que constitui a principal refinaria de dopamina do corpo. A dopamina desempenha muitas funções, mas aquilo que mais notamos é que regula a recompensa.

Helen Fisher, antropóloga da Universidade Rutgers e os seus colegas realizaram visualizações recentes com fMRI em pessoas apaixonadas e constataram que as suas áreas do tegmento ventral funcionavam com grande intensidade. «Esta pequena fábrica, perto da base do cérebro, está a enviar dopamina para as regiões superiores…Cria ânsia, motivação e êxtase.»Diz Fisher.

Mesmo com este abastecimento intoxicante de dopamina, o tegmento ventral não pode fazer sozinho o trabalho do maior. O núcleo de accumbens, situado ligeiramente mais acima e a frente do tegmento ventral, tem a função de transformar a satisfação por um novo parceiro em algo mais próximo de uma obsessão.

Os sinais de euforia que começam no cérebro inferior são processados no núcleo accumbens através não só da dopamina mas também da serotonina e da oxitocina que responsável pelas ligações que estabelecemos com as pessoas. Exemplo disso, são as parturientes que são inundadas por esta substância, razão pela qual se ligam tão ferozmente aos seus bebés. A oxitocina é tão poderosa que um estranho pode parecer atraente apenas por ter entrado na sua linha de fogo.

As últimas paragens importantes para os sinais do amor no cérebro são os núcleos caudados, um par de estruturas de cada lado da cabeça, cada um com o tamanho aproximado de um camarão. É aqui que são armazenados os padrões e os hábitos como saber dactilografar ou conduzir. Aplicando a mesma permanência destas capacidades motrizes ao amor, não admira que a paixão inicial se transforme tão depressa em compromisso duradouro.

A ideia de que apenas uma parte primordial do cérebro está envolvida no processamento do amor seria suficiente para tornar o sentimento poderoso, o facto de estarem envolvidas três torna esse sentimento poderoso incontrolável.

Quando as hormonas e os opióides naturais são activados, explica o psicólogo e investigador sexual Jim Pfaus da Universidade Concórdia de Montreal, começamos a estabelecer ligações à pessoas que estava presente no momento em que essa boas sensações foram criadas. «Pensamos que alguém nos fez sentir bem, mas foi o nosso cérebro que nos transmitiu essa sensação.» Diz Pfaus. Podemos assim perceber o porquê de pessoas que se envolvem sob o efeito de álcool e drogas, quando ficam sóbrias não acham a situação admissível.

Fisher também está a realizar estudos com fMRI em pessoas que foram rejeitadas, e nestes sujeitos existe actividade nos núcleos caudados assim como nos apaixonados, mas esta actividade ocorre especificamente numa parte adjacente a uma região cerebral associada à dependência. Se as duas áreas de facto se sobrepõem como Fisher suspeita, pode explicar-se porque é tão inútil dizer a um apaixonado que deve seguir em frente como dizer a um bêbado que ponha a rolha na garrafa.


Adaptado do artigo «Porque Amamos» por Jeffrey Kluger, in Visão nº 778


domingo, 4 de maio de 2008

Entrevista à Psicologa do Hospital de Peniche

sexta-feira, 2 de maio de 2008

O Homem e o Vício


Para uma espécie equipada para sobreviver, temos o estranho hábito de nos tornarmos dependentes de coisas que podem matar-nos. Novos estudos revelam porquê, e abrem a porta à cura.
Dispondo de um conjunto cada vez mais sofisticado de tecnologias, incluindo visualizações por fMRI (Ressonância Magnética funcional) e PET (tomografia por emissão de positrões, os investigadores começaram a descobrir o que corre mal num cérebro de um dependente – os neurotransmissores que estão desequilibrados e as regiões do cérebro afectadas. Com esse conhecimento, começaram a conceber novos medicamentos que se mostram capazes de eliminar a ansiedade que arrasta o dependente para um recaída.
“As dependências são comportamentos repetitivos perante consequências negativas, o desejo de continuar alguma coisa que sabemos ser má para nós”, afirma Joseph Franscella, director da divisão de neurociências clínicas do Instituto Nacional de abuso de Drogas (NIDA).
Então, porque razão a evolução não as extirpou das pessoas? Se já é difícil conduzir em segurança sob o efeito do álcool, imagine-se a fugir de um tigre-dentes-de-sabre ou apanhar um esquilo para o almoço! No entanto, afirma Nora Volkow, directora do NIDA e pioneira de visualização para compreender a dependência, “ o uso de drogas foi registado desde o início da civilização. Em minha opinião, os seres humanos vão sempre querer experimentar coisas que os façam sentir bem. As drogas de dependência afectam as mesmas funções cerebrais que permitem aos nossos antepassados distantes sobreviver num mundo hostil. A nossa mente está programada para prestar atenção especial ao que os neurologistas chamam de saliência.
As ameaças, por exemplo são altamente salientes, e é por isso que tentamos intuitivamente evitá-las. Mas o mesmo se passa com a alimentação e o sexo, porque ajudam o indivíduo e a espécie a sobreviver. As drogas de dependência aproveitam esta programação preexistente. Quando expostos às drogas, os nossos sistemas de memória, os circuito de recompensa, capacidades de tomada de decisão e de condicionamento entram em acção para criar um padrão de ânsia de consumo incontrolável. “Algumas pessoas têm uma predisposição genética para a dependência”, observa Volkow, “ mas visto que envolve estas funções cerebrais básicas, qualquer pessoa de tornará dependente, quanto suficientemente exposta a drogas ou álcool.































































Porque nos Viciamos?
Pode acontecer o mesmo com as dependências não químicas. Comportamentos como o jogo, as compras e o sexo podem deslizar para dependências. Por vezes, há uma raiz comportamental do problema. O grupo de investigação de Volkow, por exemplo, demonstrou que pessoas patologicamente obesas apresentam hiperactividade nas áreas do cérebro que processam os estímulos alimentares, incluindo boca lábios e língua.

Para elas, activar essas regiões e como abrir as comportas do centro do prazer. Mas quase tudo o que é profundamente agradável se pode transformar numa dependência. Claro que nem toda a gente se torna de pendente. Isso porque temos outras regiões mais analíticas que avaliam as consequenciais e suplantam a mera busca de prazer.
A visualização cerebral está a mostrar exactamente como isso acontece. Paulus, por exemplo estudou os dependentes de meta-anfetaminas inscritos num programa intensivo de reabilitação de quatro semanas. Os que apresentavam maior probabilidade de recaída no primeiro ano, após conclusão do programa, também eram menos capazes de completar tarefas envolvendo capacidades cognitivas e menos eficazes a adaptar-se a novas regras. O que sugere que esses sujeitos podiam também ser menos dados a usar as áreas analíticas do cérebro ao efectuarem tarefas de tomada de decisão.
Em boa verdade, as visualizações mostraram que havia níveis reduzidos de activação do córtex pré-frontal, onde o pensamento racional se pode sobrepor ao comportamento impulsivo. É impossível perceber se as drogas danificaram essas capacidades das pessoas que recaem – mais um efeito do que uma causa do abuso químico –, mas o facto do défice cognitivo só ter existido nalguns dos utilizadores da droga sugere a existência de alguma coisa inata que só era típica deles. Para sua surpresa, Paulus constatou que em 80% a 90%dos casos, conseguia prever com precisão quem iria recair no prazo de um ano só por olhar para as imagens cerebrais.
Outra área de concentração dos investigadores envolve o sistema de recompensa do cérebro, accionado em grande medida pela dopamina, um neurotransmissor. Os investigadores estão a estudar a família de receptores de dopamina que povoam os neurónios e se ligam ao composto. Alimentam a esperança de que, se conseguirmos atenuar o efeito do composto que transporta o sinal de prazer aliviamos a propensão para a droga.

Um travão eficaz?
Um grupo particulado de receptores da dopamina por exemplo, denominado D3, parece multiplicar-se na presença da cocaína, meta-anfetaminas e nicotina, possibilitando a entrada d emais droga para activar células nervosas. “Pensa-se que a densidade de receptores é um amplificador”, diz Frank Vocci, director de fármaco terapias no NIDA. “Bloquear [quimicamente] a D3 interrompe imensos efeitos da droga. É o melhor alvo da modelação é o melhor alvo na modelação do sistema da recompensa.”
Mas tal como há duas maneiras de abrandar um carro – aliviando o acelerador ou premindo o travão –, também há duas possibilidades de calar a dependência. Se os receptores da dopamina forem o acelerador, os sistemas inibidores do cérebro funcionam como travão. Nos dependentes, este circuito natural de contenção chamado GABA (Ácido Gama-aminbutírico), está defeituoso. Sem uma adequada verificação química das mensagens enviadas pelas drogas, o cérebro nunca se dá conta de que está saciado.
A vigabatrina, um tratamento contra epilepsia já comercializado em 60 países, é um promotor eficaz do GABA. Nos epilépticos, a vigabatrina suprime os neurónios motores superactivados que levam os músculos a contrair-se e a entrar em espasmo. Na esperança de que fomentar o GABA no cérebro dos dependentes os possa ajudar a controlar os seus desejos, duas empresas de Biotecnologia Americanas, a Ovation Pharmaceuticals e a Catalyst Pharmaceuticals, estão a estudar o efeito de um medicamento no uso de meta-anfetemina e de cocaína. Até agora, em animais, a vigabatrina impede a decomposição do GABA, de modo a poder ser armazenado mais composto inibidor na sua forma integral, nas células nervosas. Dessa maneira, pode ser segregada maior quantidade quando essas células são activadas por um impulso da droga. “Se funcionar, funcionará em todos os dependentes”, coclui Vocci.


Stress Hormonas e Género…
Outro alvo para o tratamento da dependência é a rede do stress.
Entre criaturas superiores, como nós, o stress também pode alterar o modo como o cérebro pensa, em particular o modo como encara as consequências das acções. Basta recordar-mos a última vez em que estivemos numa situação stressante – com medo, nervosos ou ameaçados. “ A parte do córtex pré-frontal envolvida no conhecimento deliberativo é desligada pelo stress”, explica Vocci. “E é ainda mais inibido nas pessoas que abusam das drogas”. Com o córtex pré-frontal menos reactivo, os dependentes ficam igualmente mais impulsivos.
As hormonas – do tipo masculino – feminino – também podem ter o seu papel. Certos estudos demonstraram que as mulheres são mais vulneráveis ao desejo de nicotina na parte final do ciclo menstrual, quando são segregadas as hormonas progesterona e estrogénio. “O sistema de recompensa do cérebro tem diferentes sensibilidades em diferentes pontos do ciclo”, refere Volkow. “Existe maior ânsia durante esta última fase.”


O MECANISMO DA DEPENDÊNCIA:





















































1.Sentimo-nos bem quando os neurónios da via de recompensa segregam um neurotransmissor chamado dopamina para o núcleo accumbens e outras áreas do cérebro


2. Os neurónios da via da recompensa comunicam enviando snais eléctricos pelos seus axónios. O sinal passa para o neurónio seguinte através de um pequeno espaço vazio chamado sinapse.


3. É segregada dopamina para a sinapse, passando para o próximo neurónio e ligando-se a receptores, o que provoca um lampejo de prazer. O excesso de dopamina é reabsorvido pelo neurónio emissor. Outras células nervosas segregam GABA, um neurotransmissor inibidor que impede a sobreestimulação do nervo receptor.


4. As substâncias viciantes aumentam a quantidade de dopamina na sinapse, acentuandi a sensação de prazer. A depedênca ocrre qunado o uso repetido perturba o equilíbrio norma dos circuitos cerebrais que controlam a recompensa, a memória e o conhecimento, acabando por conduzir ao uso compulsivo da droga.

Adaptado do artigo «A CIÊNCIA DA DEPENDÊNCIA» por Michael D.Lemonick e Alice Park, in Visão nº 780